Prepara a viagem com todo o cuidado. Tudo tinha
que dar certo, seria um encontro definitivo, nada seria como dantes.
Sabia que
as palavras podiam ser escorregadias e que se prestavam a interpretações às
vezes perigosas.
“É um campo minado”, pensou, “se dou um passo
errado, todos os sonhos, todas as esperanças, tudo desparece num segundo”.
Ele escolhera o local, a hora, o dia. Ela
limitou-se a dizer sim. A única coisa que lhe enchia o pensamento era imaginar
o encontro, o abraço apertado, as lágrimas de comoção.
Chegou sozinha, tinham combinado assim, o voo
fora longo e cansativo. O hotel era longe, num lugar perdido, feio e triste.
Olhou à sua volta, as paredes cinzentas, a cama estreita, a janela que não se
abria…começou a desmanchar a mala e naquele momento percebeu que se enganara no
destino.
Deveria ter sido capaz de ler os sinais, de perceber que tudo não
passava de uma armadilha, uma forma cínica, cruel de lhe dizer que tudo acabara
e que nada mais havia a esperar.
Os soluços
rebentaram como uma tempestade.
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