Se
pensarmos, se quisermos racionais, sérios, adultos, chegamos à conclusão que
temos razões para nos sentirmos felizes.
O
mal é querer que a felicidade seja duradoura, um bem adquirido. A felicidade é
feita de momentos, de retalhos, às vezes de migalhas. Somos ambiciosos demais
na felicidade e desprezamos os sinais, mesmo pequenos, que ela está ali, ao
nosso lado, à nossa espera.
Hoje
repito a frase dita por um amigo: “Le
malheur de t’avoir perdu, le bonheur de t’avoir connu”. A felicidade de ter
conhecido a felicidade, só nos pode dar a certeza que podemos agarrar na nossa
memória o sentimento, a emoção e reencontrá-la.
Às
vezes passam tempos em que temos a sensação que ela fugiu e que não a
recuperaremos nunca mais.
Penso,
sem poder pensar, sem poder imaginar, sem poder sentir, achando quase um
sacrilégio poder pensar, naqueles que há setenta anos viram abrir-se as portas
de Auswich, de Dachau, aqueles que sobreviveram, aqueles que um dia voltaram a
sorrir…
É preciso tornar a felicidade mais
próxima, relembrar, reconstruir. Apagar, sim apagar muita coisa, mas agarrar um
sorriso, um raio de luz, uma flor que se abre, um pingo de chuva. Agarrar a
vida, e sublinhar todos os dias, os momentos, os segundos em que ela estava
ali. Fiel e fugidia.
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