quinta-feira, 12 de março de 2015

Guerra

Luísa aperta a carta contra o peito. Há dois meses que espera notícias de Miguel.
Sabia que ele não lhe escreveria com frequência. Partira numa missão altamente perigosa e secreta. Telefonemas e emails estavam fora de questão, poderiam constituir pistas.
Luísa senta-se, abre o envelope com cuidado, desdobra a folha de papel branco e olha sôfrega a letra inconfundível de Miguel.

“Meu amor,
Sei que estás impaciente e reconheço como deve ser difícil a minha ausência e o meu silêncio. Conheces as razões. Mas o meu corpo, o meu espírito estão impregnados de ti. Às vezes parece que sinto o teu perfume e que acaricio a tua pele macia. Depois acordo sobressaltado.
Não sei quando voltarei a escrever-te, é tudo muito complicado, mas agarro-me à certeza que nada, nem ninguém nos separará.
Amo-te e podia repetir amo-te, amo-te, amo-te, até à exaustão.”

Luísa respira fundo, limpa as lágrimas que não consegue reter.
“Miguel quando voltas meu amor, minha paixão, minha vida…”
Os meses passam sem notícias, sem cartas, o vazio total.


Um dia a campainha toca, tem a certeza, é o Miguel, corre doida até à porta. Abre-a de rompante. Sim é o Miguel, sentado numa cadeira de rodas.

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