Passou
os últimos dias a empacotar, procurou ter alguma ordem, primeiro os livros,
depois as fotografias, a seguir a roupa. Empacotou os últimos anos da sua vida.
Sonhos, memórias, lágrimas.
“A
casa é grande “ diziam, “grande demais agora que está sozinha.” Deixou-se
convencer a contra gosto procurando ser racional, mas racional era a última
coisa que queria ser. Achava que tinha idade para deixar de lado as
racionalidades. Racional rima com emocional. Razão ou emoção ou emoção com
razão?
A casa está vazia, não, está cheia dela,
a outra para onde a querem levar, essa, está vazia.
Olha
à sua volta, vê sombras, vultos, ouve sons, sente o cheiro da madeira a arder
na lareira…volta atrás. Senta-se na cadeira de balanço que ficou na varanda.
Não, ninguém a vai obrigar a deixar a sua vida e a encontrar a solidão do outro
lado.
Depois levanta-se devagar, muito devagar…o
tempo é dela, só dela.
Belo texto, Helena!
ResponderEliminarMas é preciso viver muito para saber do que ele fala. Se fosse só solidão...até, talvez, se aguentasse. Mas é muito mais do que isso!