Domingo, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado
Hoje os dias da semana têm o perfume da
liberdade. Todos eles dão espaço ao silêncio e à reflexão. Cada um tem o seu
peso e talvez seja o Domingo o menos livre de todos.
Livre, a palavra parece tão simples…e acaba sendo
uma espécie de puzzle onde se encaixa a rotina, a responsabilidade, a fantasia,
o medo…Livre para gerir o seu tempo, parece-lhe uma versão economicista da
liberdade.
Lembra-se
quando as segundas-feiras eram sinónimo de trânsito, escritório, trabalho com
agenda curtíssima, eventuais gritos do chefe, uma espécie de escravatura, bem
vestida e alimentada.
Depois seguia-se a habituação: terça, quarta,
quinta, horas cada vez mais carregadas, tensão aumentada, nervos esticados ao
limite. Stress – odiava a palavra, para uns desde o momento que estivessem
stressados, sentiam-se importantes, afinal só tinha stress quem era competente,
competitivo, olhando para a frente, nunca para trás.
Sexta-feira
por muito má que fosse funcionava como ante câmara de algum tipo de
descontracção e a palavra mágica liberdade, fazia sentido.
Mas tudo
isso já não a incomodava. O tempo tinha outro significado. Não precisava
correr, ele corria por si.
Houve um tempo em que os dias da semana tinham
pausas de ansiedade e paixão. Todo o resto se apagava e as horas eram minutos.
Impossível fazer o tempo andar mais devagar. Fugia-lhe entre os dedos deixando
um sabor amargo de solidão. Era um tempo sofrido e intenso que a deixava
exangue.
Não queria
ou queria esse tempo de volta? Não, não queria voltar atrás, regressar,
enganar-se outra vez, perder-se outra vez, reencontrar a estrada e continuar a
caminhar; deparava-se sempre com subidas e descidas, curvas e contracurvas. Mas
agora que conhecia o caminho não tinha medo.
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