domingo, 6 de outubro de 2013

Os dias da semana / De hoje ... Até onde a memória nos levar



 Domingo, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado

Hoje os dias da semana têm o perfume da liberdade. Todos eles dão espaço ao silêncio e à reflexão. Cada um tem o seu peso e talvez seja o Domingo o menos livre de todos.
Livre, a palavra parece tão simples…e acaba sendo uma espécie de puzzle onde se encaixa a rotina, a responsabilidade, a fantasia, o medo…Livre para gerir o seu tempo, parece-lhe uma versão economicista da liberdade.
Lembra-se quando as segundas-feiras eram sinónimo de trânsito, escritório, trabalho com agenda curtíssima, eventuais gritos do chefe, uma espécie de escravatura, bem vestida e alimentada.
Depois seguia-se a habituação: terça, quarta, quinta, horas cada vez mais carregadas, tensão aumentada, nervos esticados ao limite. Stress – odiava a palavra, para uns desde o momento que estivessem stressados, sentiam-se importantes, afinal só tinha stress quem era competente, competitivo, olhando para a frente, nunca para trás.
Sexta-feira por muito má que fosse funcionava como ante câmara de algum tipo de descontracção e a palavra mágica liberdade, fazia sentido.
Mas tudo isso já não a incomodava. O tempo tinha outro significado. Não precisava correr, ele corria por si.
Houve um tempo em que os dias da semana tinham pausas de ansiedade e paixão. Todo o resto se apagava e as horas eram minutos. Impossível fazer o tempo andar mais devagar. Fugia-lhe entre os dedos deixando um sabor amargo de solidão. Era um tempo sofrido e intenso que a deixava exangue.

Não queria ou queria esse tempo de volta? Não, não queria voltar atrás, regressar, enganar-se outra vez, perder-se outra vez, reencontrar a estrada e continuar a caminhar; deparava-se sempre com subidas e descidas, curvas e contracurvas. Mas agora que conhecia o caminho não tinha medo.

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