O comboio passava três vezes. Ouvia-se à distância. Ela
contava sempre. Era o último. Saiam como que esquecidos de tudo. Um rebanho
paciente cuja vida pouco lhes dera. Vinham de sítios diferentes, mundos que não
eram novos. Só diferentes. Muitas vezes procuravam um olhar, talvez um ombro
que os consolasse.
Ela procura reter as expressões, entender as frases. A fala
era áspera. Muitos aconselhavam a não se meter. A mãe também lhe ralhava. Mas
ela precisava entender. Os homens diferentes de fala áspera. Tristes como se a
vida os atrapalhasse. Mas nada acontecia. Viravam a esquina como se nós não
existíssemos.
Nunca falaram connosco e ela não os esqueceu nunca.
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