quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O comboio



O comboio passava três vezes. Ouvia-se à distância. Ela contava sempre. Era o último. Saiam como que esquecidos de tudo. Um rebanho paciente cuja vida pouco lhes dera. Vinham de sítios diferentes, mundos que não eram novos. Só diferentes. Muitas vezes procuravam um olhar, talvez um ombro que os consolasse.
Ela procura reter as expressões, entender as frases. A fala era áspera. Muitos aconselhavam a não se meter. A mãe também lhe ralhava. Mas ela precisava entender. Os homens diferentes de fala áspera. Tristes como se a vida os atrapalhasse. Mas nada acontecia. Viravam a esquina como se nós não existíssemos.

Nunca falaram connosco e ela não os esqueceu nunca.

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